Se ela pudesse arrancar seu coração e atirá-lo na correnteza, não teria mais dor, nem saudade. Não teria mais lembranças... Àquela altura já não sabia mais se o sal que impregnava o seu rosto era da água do mar ou de suas lágrimas.
Do ponto onde o céu encontra o mar, o pôr-do-sol velava seu choro e seu sofrimento. Implorou para que seu amor nunca soubesse que chorou por ele. Então, entrou no mar e desejou que a maré levasse para bem longe suas lágrimas e sua tristeza.
No caminho de volta para casa, no cair da tarde fria de primavera, olhou para trás com melancolia. Junto com a ilha, já encoberta pelas brumas, ficara seus sonhos e sua esperança. Com ela, seguiam lágrimas, tristeza e lembranças. O vento gelado e a força da água do mar espirrando em seu rosto anunciavam o sabor que ela provaria dali para frente. Era a viagem de volta. Um caminho sem volta. Precisava resgatar os sonhos perdidos nas brumas. Precisava acalmar seu coração para continuar seu caminho. Precisava de sonhos novos. Precisava viver simplesmente.
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