segunda-feira, outubro 04, 2004

Doce lágrima

Se ela pudesse arrancar seu coração e atirá-lo na correnteza, não teria mais dor, nem saudade. Não teria mais lembranças... Àquela altura já não sabia mais se o sal que impregnava o seu rosto era da água do mar ou de suas lágrimas.
Do ponto onde o céu encontra o mar, o pôr-do-sol velava seu choro e seu sofrimento. Implorou para que seu amor nunca soubesse que chorou por ele. Então, entrou no mar e desejou que a maré levasse para bem longe suas lágrimas e sua tristeza.
No caminho de volta para casa, no cair da tarde fria de primavera, olhou para trás com melancolia. Junto com a ilha, já encoberta pelas brumas, ficara seus sonhos e sua esperança. Com ela, seguiam lágrimas, tristeza e lembranças. O vento gelado e a força da água do mar espirrando em seu rosto anunciavam o sabor que ela provaria dali para frente. Era a viagem de volta. Um caminho sem volta. Precisava resgatar os sonhos perdidos nas brumas. Precisava acalmar seu coração para continuar seu caminho. Precisava de sonhos novos. Precisava viver simplesmente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário