quarta-feira, novembro 30, 2005

Nó.s





Elos
Ecos
Eros

Elos...olha. Alcança. Toca. Entrelaça. Envolve. Ata-me...

Ecos...desperta. Fala. Escuta. Repete. Sintoniza. Equaliza-me...

Eros...aquece. Excita. Devora. Beija. Ama-me...

Elos...nó.s
Ecos...sós
Eros...nós




terça-feira, novembro 22, 2005

Para.nóia urb.ana


“Ah, não! Era só o que me faltava!!!”, esbravejou o travesti em direção ao carro que ameaçava estacionar para falar comigo. Coitado do motorista! Mal engatou a marcha ré para se aproximar de mim, e teve que arrancar uma primeira e seguir em frente. O travesti seminu quase fuzilou-me com o olhar. Sem graça, sem medo e achando a maior graça do mundo na situação, apenas sorri e pedi desculpas àquele ser andrógino.

Morar no centro de São Paulo é, no mínimo, viver uma cena insólita por dia. Uma noite, sou chamada de “amiga” e choro no ombro do travesti loiro (vide “Sentimentos travestidos”)*. Na outra, sou interpretada como uma ameaça; uma indefectível concorrente do travesti moreno. Paranóia urbana? Não! É apenas o caminho de casa. Não ligo... Abstraio-me. Divirto-me. Inspiro-me.

E, assim, amanheceu o domingo. Ou melhor, terminou a noite do último sábado. Noite insólita. Embriagada por calor, chuva e...rock? Para ser mais exata, “Mendigo core altista”!!! Não vou explicar o significado do termo. Mas, o baterista do Paranóia Oeste garante que esta é a melhor definição para o estilo de música da banda. Possuído por suas baquetas insanas, ele destrói, constrói, reconstrói... Extasiado, começa, termina, recomeça, continua a paranóia centro urbana que não tem fim.


*http://paulakimenjoy.blogspot.com/2005/07/sentimentos-travestidos.html


* Pic by Dri Bertini (NYC/2004)

terça-feira, novembro 15, 2005

Regarde


"Não há homem ou mulher que por acaso não se tenha olhado ao espelho e se surpreendido consigo próprio. Por uma fração de segundo a gente se vê como a um objeto a ser olhado. A isto se chamaria talvez de narcisismo, mas eu chamaria de alegria de ser. Alegria de encontrar na figura exterior os ecos da figura interna: ah, então é verdade que eu não me imaginei, eu existo"

Clarice Lispector (19/8/1967)