sábado, outubro 25, 2008

Adaptação


"Se você não pode mudar uma situação, deve adaptar-se a ela". Esta era a frase que meu pai sempre nos dizia, quando tínhamos diante de nós um acontecimento importante. Eu a tenho como lema e procuro segui-la à risca em todas as situações que a vida me impõe.

Adaptei-me a não tê-lo mais por perto fisicamente. A não ouvir mais a sua voz. A não sentir mais o seu cheiro ou o calor do seu abraço. Adaptei-me até mesmo à saudade que só aumenta com o passar dos anos.

Adaptei-me às mudanças de cidade, a viver em São Paulo novamente. Adaptei-me a morar sozinha e ter que dividir o espaço outra vez. Adaptei-me aos novos amigos e à ausência dos antigos, ao novo emprego, ao novo namorado. Adaptei-me às paredes pálidas do meu quarto. Adaptei-me ao cabelo mais comprido e ao corpo mais leve. Adaptei-me a ficar mais em casa e a não sair tanto. Deixei de comprar aquele perfume importado. Adiei o tão sonhado mochilão para a Europa. Adaptei-me às oscilações do câmbio.

Assim como a alta do dólar, a tentativa de equilibrar os sentimentos também está em voga. Constantemente tento me adequar à inconstância das emoções. Pensamentos intensos, reflexões profundas, questionamentos...

Será mesmo que consegui me adaptar a tudo isto? A adaptação ao novo (que já não é tão novo) vale a pena, mesmo tendo que abrir mão de coisas que, às vezes, me fazem falta? E se eu puder mudar algumas situações, respeitando os devidos limites de cada um? Enquanto as respostas não chegam, vou fazendo o que está ao meu alcance, procurando não ferir minha legitimidade:

Fotos para sanar a saudade.
Cores vibrantes no quarto e listras na parede da sala.
Mais música e dança na pista.
Um roteiro mais divertido para esta história toda.
Mais leveza nesta vida!