Antes
que eu me esqueça do aroma da baguete quentinha da boulangerie da esquina, da
leveza do crossaint e do macaroon, e da perfeição do mil folhas, deixe-me
contar como foi saborear Paris.
Antes
que eu me aqueça com mais uma taça de Bordeaux, deixe-me lembrar do raro prazer
de sentir o frio cortante no alto da Torre.
De curtir os raios de sol nas espreguiçadeiras dos jardins de Luxembourg
e das Tuileries.
Antes
que amanheça, deixe-me lembrar da dança das luzes sobre o Sena, do carrousel da
Amelie Poulain, do pôr do sol do alto da Sacre-Couer, da panorâmica vista do
relógio do D’Orsay.
Antes
que se desbote da minha memória, deixe-me lembrar do colorido das sombrinhas da
feirinha de Monmartre, da suave melodia do pianista no Marais, do dourado da
Conciergerie, dos vitrais da Sainte-Chapelle e do encantador de pássaros na
Notre-Dame.
Antes
que as ruas paulistanas dominem a minha rotina, deixe-me flanar mais um
pouquinho pelas margens do Sena, pelo Quartier Latin até o Boulevard San Michel
e San Germain. E, novamente, sob a exuberância da Torre durante o dia e,
sobretudo, a noite.
Antes
que eu me esqueça, deixe-me simplesmente regarde
le ciel.